31 de março de 2009

Meu Corpo. Meu Mundo.



Hoje quando saí de minha aula de Pilates Consciente, refleti um pouco sobre o estado de relaxamento que sentia e o prazer advindo dele. É um prazer de sentir que hoje eu me comunico e me conecto com todo o meu corpo. Melhor dizendo, hoje sinto que respeito muito mais meu corpo como parte do meu ser integral. Sinto que tudo o que faço tem conseqüências para ele.  E que somos um só. Pode parecer uma afirmação óbvia, mas na realidade não é nada trivial chegar ao ponto em que cheguei.  

Sempre vi meu corpo com um olhar muito exigente. A única dimensão que me importava era a estética. E por muitos anos. Para ser mais precisa, por 25 anos. Tudo que eu fiz até então era somente para me sentir mais bonita. E só. Alimentava-me de acordo com meu prazer ou minha necessidade. Ou não me alimentava de maneira alguma, no caso de precisar perder peso. Fiz muitas dietas. Todas. E meu corpo sempre respondeu bem a tudo a que recorri. Ginástica, dança, alongamento, musculação. Fiz de tudo um pouco. E sempre quando me olhava no espelho pensava em como me via. Bonita, magra, gorda, atlética, alongada, proporcional. Nunca, em um só minuto, parei para pensar em como minhas escolhas afetavam meu corpo além da óbvia e superficial dimensão estética.

Até que engravidei de minha filha, a Carol. Foi o primeiro contato que tive com esta maravilhosa criação divina que é o corpo humano. Meu corpo, apesar de alguns abusos de minha parte, continuou super saudável  e, além de fazer tudo que já fazia, ainda tinha a energia e a inteligência para gerar e desenvolver outra vida, outro ser humano, outro ser tão complexo e cheio de detalhes como eu. E sem alarde. Um pouco mais de fome, um pouco mais de cansaço. E só. E em apenas nove meses, me ajudou a trazer Carolina para este mundo. Perfeita, saudável, linda...

Mas, como eu ainda estava com meus verdes 25 anos, ainda não soube agradecer, reconhecer e mesmo retribuir tudo o que meu corpo já me havia dado.

Ainda continuava com meu olhar crítico. Ainda achava que o espelho era meu algoz. Ainda maldizia meu metabolismo que não me permitia abusar dos carboidratos que sempre amei... Estava sempre avaliando minhas limitações e minhas perdas. Nunca havia parado para pensar que meu corpo tinha suas próprias necessidades. Quer era vivo, respirava, funcionava e precisava estar em equilíbrio. E que eu, em todos estes anos, não tinha feito quase nada pensando nisso.

Foi quando eu cheguei à mítica idade dos 30 anos. Aí algo pareceu ecoar dentro de mim.

Uma crescente sensação de não estar encaixando em lugar nenhum. Uma sensação esquisita de melancolia, silenciosa e permanente. Uma perda de identidade misturada com um início de noção de auto-estima. Nesta época acho que ouvi (isso identifiquei muito tempo depois) um gritinho lá de dentro. Acho que era eu mesma querendo me ouvir. E eu começava a entender que meu corpo tinha voz e já tentava falar comigo há muito tempo. Só que eu não estava pronta para ouvi-lo.

Minha jornada de autoconhecimento começou em 2002. Uma experiência inesquecível e transformadora.